quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Na reunião de Família

- Hei Menina. O que você vai ser quando crescer?

- Gente grande!

- Não perguntei que profissão você quer?

- Bem, eu já tenho minha profissão!

- Como assim já tem uma profissão, você ainda tem 6 anos!

- Eu não preciso crescer para ser eu já estou sendo, não vê não? Sou médica cuido do avô todo dia e dou remédio. Cuido das Bonecas sou mãe professora cabeleireira tudo junto e ainda psicóloga delas. Sou desenhista, mas estou abandonando a profissão meus lápis estão muito pequenos... Ta vendo não preciso crescer para ser.. Já estou sendo.

O homem olhou com tamanha indignação e perguntou:

- E o que você acha que eu sou?

- O Senhor é investigador de polícia é claro, quer saber o que eu sou e o que eu faço. Tudo bem vou me entregar, eu roubei biscoito ontem da lata da vovó e também enganei o Bob (cachorro). Mas o pior de tudo é que eu escondi a Anna Bele (boneca) e não sei onde ela esta agora.

- Eu não sou investigador de policia, mas posso de ajudar a procurar?

- Se o senhor não é vamos brincar comigo vou mostrar todos os meus esconderijos. O que o senhor vai fazer quando crescer?

- Mas eu já sou grande sou escritor!

- Grande escritor eu não sei, mas que o senhor é grande isso é!

"Contínuo a ser criança...Riciuz

sábado, fevereiro 23, 2008

O amor longe


-Tia por que você ta triste?

-Por que meu amor mora longe.

-Mas ele mora perto!

-Não ele mora muito longe a vários Kl de distância em outro país...

-Não ele mora perto!

-Olha a lua está vendo? Está bem distante não está?

-Sim está.

-É quase a mesma distancia, que ele esta agora.

-Tia eu já disse que ele mora perto!!

-Perto onde?

-Dentro de você!

-E como ele pode dentro de mim?

-No seu coração! Que pergunta mais boba a sua!

-Ele mora sim, mas eu não consigo ter ele aqui comigo...

- É por que você esqueceu de amar ele hoje, mamãe diz que quando a gente sente muitas saudades de alguém é por que esqueceu de amar a pessoa. Não olhe a distancia tia olhe somente a estrada. Meu pai sempre disse isso para minha mãe!




"Amor de longe, amor de perto, amor simplesmente amor." Riciuz

A gente é de ferro?

No hospital


-Tiaaaaaaaa por que você ta doente?

-É por que às vezes o corpo falha e precisamos colocar uns óleos para arribar e assim continuar.

-A gente é que nem carro?

-Mais ou menos

-Todo mundo aqui vai trocar óleo?

-Sim

-E quando não funciona o que acontece?

-Enferruja

-Ah!

Ele brinca com seu carrinho azul e verde na recepção do hospital fazendo do carrinho uma nave, um barco e depois um avião.

O menino Diego de 6 anos ruivo de sardas grandes vai caminhando com seu coquinho nu.

-Tiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa ele ta enferrujando olha só ele!

-Não ele só tem sardas, meu filho!

-Não tia acho que ele foi um menino mal e a mãe deixou ele na chuva e depois cortou o cabelo dele, ta parecendo cabeça de prego enferrujada.

-Ele vem aqui trocar óleo Menino, por isso que ele esta careca.

-O que é câncer tia?

-É um monte de piruá que nasce na gente e depois virá pipoca, aí num tem espaço mais para gente. Para acabar com isso é só óleo de quimio.

-Tia mais você vai ficar boa. O menino prego enferrujado também

-Assim espero!

-A gente é de ferro?







"Ferro fundido em altas temperaturas do tempo de fé e simplesmente de bons amigos" Riciuz






domingo, fevereiro 17, 2008

Quebrando

Mãeeeeeeeeeee eu cai (O menino chorando e segurando o joelho)
Levanta e vai se lavar não quebrou nada antes de casar sara

-Gui o que você está fazendo?
- Tia passando cola no joelho vai que eu quebrei mesmo, quem tem visão de raio x é só o super homem mamãe esta longe disso.

-E o que é isso na sua mão?
- É que minha mãe disse que antes de casar sara. Aí eu pensei que a pessoa que eu mais amo em todo esse mundo é você, ai fiz esse anel de papel espero que não se importe é só de mentirinha a gente engana o machucado sabe ai eu saro e você pode voltar a ser minha professora.

- Gui me empresta sua cola?
- Para que tia? Você machucou o joelho?
- Não para colar meu cor cordes.

Colando para ver se dura mais... Riciuz

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Na padaria

Hoje busquei pães, para ver gente com rosto conhecido.
Vi somente os velhos de sempre
Hoje fui buscar pães
Para ver velhos franceses
Hoje fui buscar pães
Para ver velhos franceses burgueses doentes
Hoje fui buscar pães
Para ver os pães velhos de sempre
Hoje fui buscar pães
Para ver o velho da padaria com seu mal-humor de alvorada
Hoje fui buscar pães
Para contar os passos de 87 até minha casa
Hoje fui buscar pães
Para tentar ser um pouco mais feliz!

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Uma vitória por dia

A noticia veio como um trovão rasgando o céu fechado, e se transformou em uma chuva torrencial. Anulei a noticia, preferi esperar o tempo a fé que são o melhor remédio para doenças. Passaram 5 meses, mas foram 5 anos e alguns meses os dias para esta doença são como anos e cada dia é uma vitória.

Tinha breves notícias sempre sobre o estado da querida amiga, no entanto eram sempre amenas, visitei algumas vezes bem menos do que eu gostaria, eu sinto pela dor dos outros.
Viajei para longe para buscar o tratamento quimioterapico, e o que encontrei além de rostos esperançosos foi historias de vida de pessoas que querem viver mais, ser mais, além...
E o que descobri é que o amor transforma, recupera, regenera.
Estamos a falar com câncer, mas a cura para toda doença; só não a para a descrença.
Estamos lutando ou apáticos no tempo? Prefiro pensar que vencemos todos os dias, uns mais outros menos depende da sua intensidade de fome de viver mais.

A tanta gente no mundo outros vivendo outros tantos morrendo. Podemos morrer, mas nunca nos render. Podemos viver e nos render. A escolha da vida do vivente. Ela quer viver 125 anos e eu 225 para contar as histórias e os feitos.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Até o Ano que vem


Guardei as fantasias, em caixas grandes.
As sandálias com restos de confete.
Os tons de sombras, batons.
Guardei

O samba
A bossa
O novo
O velho também
Todo samba tem muito de
Maria de João
Bossa Nova.


Por entre as ruas não vejo mais os mesmos rostos
Agora voltamos a ser-nos
Guardamos

E ele que disse que conta os anos de sua vida pelo carnaval
Fez mais um ano
Ele guarda toda a alegria
Até o ano que vem.
Que assim seja!
11 carnavais restam
Ou será que 11 se passaram?

Ele sempre passa, e eu, passo a passo com ele em uma contramão da folia sou muita valsa e ele bloco de carnaval.

“Todo carnaval tem seu fim” LH

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Sol

A menina do 6º andar olhava pela janela vermelha, meio triste, seus grandes olhos verdes percorriam a praça e fixavam sobre a rosa do Seu Manoel.
Desceu as escadas e correu até a praça a rua ainda esta suja de confete serpentina, o carnaval tinha passado, mas, ela nem notou isso.

O sol não despertara estava igualmente ao dia da quarta feira de cinzas todo recolhido.
Sentou na terra. E ficou muito triste vendo que a rosa estava murcha sem vida e suas folhas meio mortinhas.

- Rosa você brigou com o cravo?Já sei desmaio de rosa é assim nem responde quando a gente fala. Quando alguém desmaia a gente coloca água na cara, será que desmaio de rosa é igual?
Ela correu para frente do prédio subiu as escadas correndo.
- Bom dia Seu Manoel
- Bom dia menina, O que a Senhorinha esta correndo tanto assim?
- Sabe Seu Manoel tenho um caso urgente médico para resolver caso de vida ou morte.
-Mas o que é menina o que aconteceu??
- A Seu Manoel, é tão triste que melhor nem dizer.
A menina começou a chorar.
Seu Manoel a pegou no colo.

- Mas pode me contar, que eu não conto para mais ninguém segredo nosso.
- Sabe a rosa do Senhor, então ela brigou com o cravo agora está toda desmaiada no canteiro nem parece rosa mais, ta parecendo erva daninha de tão feia e largada, vim correndo assim para dar um jeito no desmaio, e dar uma lição boa no cravo.
Seu Manoel deu um sorriso doce.
- Vamos então cuidar da rosa, eu vou tirar ela do desmaio ela precisa de água no pé, e sol para fazer a fotossíntese. Eu já vou levar água para ela. Depois você pode ir visitá-la para ver se ela já ficou boa?
- Posso sim, mais vai demorar muito?
- Não é bem rápido.
- Obrigada Seu Manoel.

Ela correu com suas curtas perninhas abrindo as portas, pegou seu giz de cera desenhou um lindo sol, e a nas pontas dos pés pegou emprestada a maquina fotográfica de sua mãe.
Desceu as escadas, viu na Praça Seu Manoel dando água para a rosa, sim ela parecia melhor.
- Aqui está o sol e a maquina para ela fazer a fotossíntese. O Senhor acha que ela pode fazer algo tão complicado assim sozinha tirar fotos e desenhar? Vou deixar o desenho aqui na frente e tirar umas fotos, por que eu tenho que levar a maquina loguinho se não mamãe se zanga comigo. Mas Seu Manoel o senhor vai deixar uma maquina para ela né?
- O sol não veio hoje Dona menininha por que ele tirou férias logo ele vem, mas seu desenho está bem bonito. A fotossíntese ela faz sozinha ela respira um gás perigoso e depois devolve o ar limpinho para gente.

- A rosa é uma maquina de fazer ar limpo? Ela deve este desmaio de tanta porcaria que respiro. Mas mesmo com tudo isso que o Senhor me falou eu ainda acho que a culpa toda é do cravo, amor faz a gente ficar meio bobinho, vai que a rosa sobre de amordemais.
- É Dona Menininha, até mesmo as rosas sofrem de amor, mas elas sofrem de amor de ar!
- E como é sofrer de amor de ar?

A menina do 17º apareceu isso quer dizer que continua no próximo dia.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Velho do 1º Andar

O velho do 1ºandar é tão velho, que não brinco mais de adivinhar sua idade e nem suas moléstias infinitas, o velho mais velho do mundo com certeza é ele. Um dia ele me disse que é vô do Papai Noel e não é que se parece com ele. Sempre usa a mesma roupa xadrez tem um cheiro de guarda roupa. Gosto dele mesmo assim chama-se Manoel, ele sempre me da doce mais eles são bem esquisitos gibi, pé de moleque, mas são gostosos.

Hoje ele saiu para plantar uma rosa na praça da frente, e eu como sou muito curiosa fiquei só olhando da janela vermelha do meu quarto do 6º andar.

Ele plantou com tanto amor e dificuldade, quase que cai o pobre Seu Manuel.

Quando subia as escadas, ele dizia que quem subia escadas com a idade dele ia pro céu mais rápido eu fazia isso sempre, pois afinal mamãe sempre me diz que o inferno é terrível. Perguntei por que ele foi plantar aquela rosa.

Ele sorriu e disse – Rosas vermelhas pulsam do nosso coração são olhos bons de alegrias boas. Vemos tudo quando pequenos e de repente crescemos e perdemos o gosto das miudezas da alegria e esperança e com isso estamos meio mortos estáticos perdidos no tempo e na vida. E como comida sem sal, ou pudim de leite sem açúcar. Sabe menina olhos bons vêem boas coisas. E você tem olhos de toda cor.

Não entendi o que ele disse com isso não, mas que ele é estranho isso é, mas, eu gosto dele mesmo assim. Comida sem sal é sem graça, e pudim sem açúcar cruzes. Preciso ver meus olhos agora será que a maquiagem de ontem deixou eles coloridos de verdade?

A menina do 17º esta me acenando


" Amo tanto que o coração parece que sofreu infarto" Riciuz

sábado, fevereiro 02, 2008

Fugir

Hoje a menina do 6º andar
Pegou sua pequena mala
Suas grandes coisas
Abriu a porta
E inspirou liberdade
Foi como um vento lateral vindo da escada

Seu gato angorá deu um miado longo sozinho
Que ecoou por toda parede cinza clara

Sapatos vermelhos de verniz que batem uma leve renda do vestido ao pé
Quebrando a monotonia das 15:00 horas
Hora esta que Dona Dora toma seu chá e joga xadrez, sozinha, ela diz que João seu amigo invisível é uma ótima companhia.

A menina desce escadas dá bom dia ao porteiro que dorme como nunca é Seu João um retirante de Minas, ele fala manso e tem sempre um bom dia diferente.

Anda como que em cada passo sua fuga fosse mais essencial, para na pracinha de frente ao prédio desfaz sua malinha, os pares de olhos curiosos circundam as cores do conteúdo de dentro.

Ela passa delicadamente para Camila, Rafael, Sonia e Osvaldo dividem os doces, bolachas e mais algumas coisas da despensa farta. As crianças todas brincam com a comida, a alegria e a fartura.

Ás 15:35 a menina do 6º andar volta nas pontas dos pés e uma expressão leve como de uma pena que plana no ar, sua baba Dona Maria esta na porta e pergunta
- Onde está à menina?
Disse:
- Que foi ter uma conversa com o porteiro.

E todos os dias a menina do 6º faz o mesmo caminho feliz fugindo do seu mundo triste para espalhar alegrias coloridas, nuvens de algodão doce, pipoca doce, para outras crianças como ela que dormem a luz de estrelas e vaga lumes.

Eu só observo mais uma vez da janela do 17º andar.






“Vejo crianças crescerem como broto de bambu, e eu envelheço como pé de alface da horta do Sr.João” Riciuz


sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Festejos- janela- 17

Entre os festejos que se iniciam
A menina de saia rosa
Não vai sambar o samba de roda
Deixou de amar o padeiro na semana passada
E agora olha para o dono da banca com gracejos

Entre os festejos de confete
O menino da casa 5
Perdeu seu dente
E seu passarinho morreu
Pois esqueceu de alimenta-lo

Entre os festejos de serpentina
A moça passa batom carmim
Sua melhor liga
E finge ser imperatriz

Entre os festejos de matine
A recolhida passa e ninguém a vê
E tão feia e desengonçada
Que nem o espelho a reflete

Entre os festejos de rua
Bela dança com as pontas
Sandália dourada
Suor na cara

Entre os festejos
O mundo se pinta
Somente eu não coloco a cara para lá
Sou a moça do 17 somente a observar...